Murcharam logo.
Na casa onde fui habitar,
O jardim que eu amei por ser
Ali o melhor lugar,
E porque quem essa casa amei ---
Deserto o achei,
E, quando o tive, sem razão p’ra o ter.
Onde pus a feição, secou
A fonte logo
Da floresta, que fui buscar
Por essa fonte ali tecer
Seu canto de rezar ---
Quando na sombra penetrei,
Só o lugar achei
Da fonte seca, inútil de se ter.
P’ra quê, pois, afeição, ´sperança ,
Se perco logo
Que as uso, a causa p’ra as usar,
Se tê-las sabe a não as ter?
Crer ou amar ---
Até à raiz, do peito onde alberguei
Tais sonhos e os gozei
O vento arranque e leve onde quiser
E eu os não poderei achar!
Fernando pessoa
Precioso poema, me alegra tu regreso. Un saludo.
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